sexta-feira, 20 de abril de 2012

Declaro a verdade

Me perguntaram se eu tinha planos. Perguntei que tipo de planos.
"Planos para a vida futura."
O máximo que consegui responder foi que não dependia de mim. Nem tanto por conta do acaso, que obviamente tem grande participação na minha vida, particularmente. Mas, por causa do amor.
Por mais que eu quisesse controlar o destino de sua vida, não cabe a mim essa missão. Então, o que me resta é esperar.
"Mas você vive sem planejamentos?"
Sim, perfeitamente. Não tenho muitas decepções.
"Possui qualquer visão do futuro?"
Sim. Vejo-me ao lado de minha amada, numa cama cheia de lençóis e travesseiros, enroscadas aos beijos ao nascer do dia chuvoso no Rio de Janeiro.
"Não achas pobre e simplório?"
Nem por um segundo. Minha riqueza, felicidade e futuro pertencem impreterivelmente àquela que chamo de Amor. Todo meu futuro depende de quantos sorrisos por minuto terei o privilégio de presenciar.
Não. Não pense que faço dessas palavras algum tipo de declaração barata de amor cego e apaixonado. Isso é apenas a minha verdade. Talvez a declaração da minha verdade. Uma verdade apaixonada.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Fria tez

Por mais que eu estivesse no teu quarto frio, você sempre conseguiu me manter aquecida nos teus braços. Deve ser por isso que é tão estranho sentir tua mão fria desse jeito. Essa mão que eu chegava a me excitar só de olhar.
Se você pudesse se ver, provavelmente reclamaria da aparência. Sempre reclamou de como era branca, e hoje, nunca vi tanta palidez nesse rosto.
Sei que quando eu menos esperar, você vai falar comigo, ainda que adormecida, e não vai lembrar depois. Eu sei que você só está brincando comigo, deve estar realmente cansada, ou embriagada, talvez.
Não sei se ainda lembra, mas eu não sou a maior jogadora do mundo, então pra mim esse teu joguinho já está chato. Quero logo você sorrindo quando eu passo a mão na sua barriga.
Vou tirar você dessa sala esquisita, com pessoas uniformizadas de cores frias.
As cores que você me mostrou e me ensinou a usar. Não esqueço mais que uma sombra não é feita com a mesma cor só que escura, não, ela deve ser complementar.
Assim como somos eu e você. Por isso vou te tirar daqui. Resgatar todo o brilho dos seus olhos com cor de cobre. Estão equivocados por completo. Não sabem de todo poder da sua alma e do fogo que você emana. Estão mentindo pra gente.
Ainda não completamos nossas paredes com pinturas e fotos feitas por nós mesmas. Nem criamos uma lhama e uns cachorros.
Não pense que assim você vai se livrar daquela viagem a Berlim. Vou te acordar de verdade e te carregar nos ombros.
Sabe que até os teus cachos, que sempre enchem minhas mãos de doçura, nessa luz fraca parecem opacos. Absurdo!
Agora já chega!
Vem!
Vamos voltar para o nosso universo cheio de sons e cores e temperaturas e cheios de sabores completamente diferentes dessas coisas daqui.


.
.         Fall on me
.               Far from my faith
.                    Closer to my dreams
.                           All wasted
.

Tudo bem. Se você não quiser sair, eu fico aqui. Fico ao seu lado para sempre, como eu sempre disse que faria.
Quantos comprimidos desses vidrinhos que te deram, você acha que serão suficientes pra eu ganhar uma caminha dessas?
Ok.
Até daqui a pouco então, meu amor.
Já já estarei deitadinha aqui com você e a gente vai finalmente dormir juntas. E todo nosso amor, enfim, eternizado nesse sono.

Pra sempre sua,
Sarah B

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Hálito frágil do imortal

E tudo é vulnerável
A vida é o maior dos exemplos
E assim é a morte
O fantasma inconstante
onipresente
Mas ele volta
junto com a vida
A morte renasce
desaparece
dentro do mesmo instante
à menor partícula do tempo
O último suspiro
se torna o primeiro sorriso
E com todo estudo
preparação
de uma vida
fica perplexado
relutante
inconsequente
Um som repetido
como apito
indica o sopro.