sexta-feira, 1 de março de 2013

É você?

Lembranças escassas de amizades esquecidas
Conversas que começam tímidas e vez ou outra se ajeitam
Saudade de algo que não é muito claro
Nem sei mais se é saudade mesmo
Pode ser só nostalgia por causa daquela música
Naquele bar



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Meu pedido

O tempo continua passando
Eu ainda não acostumei a te amar
O sentimento continua crescendo
Eu ainda não aprendi a controlar
O bom é que ele existe
E assim eu posso levar
Deus queira que ele persista
Não sei como é não te amar
Continuo a contar migalhas de minutos
E quando eu quero que voe
parece parar
Seu retrato é a bandeira do meu mundo
Que só o amor pode adentrar

Musa única do meu reino feliz
Só você pode trazer a ruína
Levando para fora daqui o seu calor
Então fica
Fica assim mesmo
Sem rima
Nem nada.


Para (sempre): Natália Bonn. ♥

sábado, 23 de junho de 2012

Lágrimas de desespero

Falta
tempo
Falta
espaço
Falta
ar

Sobra
pressa
Sobra
mágoa
Sobra
dor

Falta
você
Sobra
eu

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Declaro a verdade

Me perguntaram se eu tinha planos. Perguntei que tipo de planos.
"Planos para a vida futura."
O máximo que consegui responder foi que não dependia de mim. Nem tanto por conta do acaso, que obviamente tem grande participação na minha vida, particularmente. Mas, por causa do amor.
Por mais que eu quisesse controlar o destino de sua vida, não cabe a mim essa missão. Então, o que me resta é esperar.
"Mas você vive sem planejamentos?"
Sim, perfeitamente. Não tenho muitas decepções.
"Possui qualquer visão do futuro?"
Sim. Vejo-me ao lado de minha amada, numa cama cheia de lençóis e travesseiros, enroscadas aos beijos ao nascer do dia chuvoso no Rio de Janeiro.
"Não achas pobre e simplório?"
Nem por um segundo. Minha riqueza, felicidade e futuro pertencem impreterivelmente àquela que chamo de Amor. Todo meu futuro depende de quantos sorrisos por minuto terei o privilégio de presenciar.
Não. Não pense que faço dessas palavras algum tipo de declaração barata de amor cego e apaixonado. Isso é apenas a minha verdade. Talvez a declaração da minha verdade. Uma verdade apaixonada.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Fria tez

Por mais que eu estivesse no teu quarto frio, você sempre conseguiu me manter aquecida nos teus braços. Deve ser por isso que é tão estranho sentir tua mão fria desse jeito. Essa mão que eu chegava a me excitar só de olhar.
Se você pudesse se ver, provavelmente reclamaria da aparência. Sempre reclamou de como era branca, e hoje, nunca vi tanta palidez nesse rosto.
Sei que quando eu menos esperar, você vai falar comigo, ainda que adormecida, e não vai lembrar depois. Eu sei que você só está brincando comigo, deve estar realmente cansada, ou embriagada, talvez.
Não sei se ainda lembra, mas eu não sou a maior jogadora do mundo, então pra mim esse teu joguinho já está chato. Quero logo você sorrindo quando eu passo a mão na sua barriga.
Vou tirar você dessa sala esquisita, com pessoas uniformizadas de cores frias.
As cores que você me mostrou e me ensinou a usar. Não esqueço mais que uma sombra não é feita com a mesma cor só que escura, não, ela deve ser complementar.
Assim como somos eu e você. Por isso vou te tirar daqui. Resgatar todo o brilho dos seus olhos com cor de cobre. Estão equivocados por completo. Não sabem de todo poder da sua alma e do fogo que você emana. Estão mentindo pra gente.
Ainda não completamos nossas paredes com pinturas e fotos feitas por nós mesmas. Nem criamos uma lhama e uns cachorros.
Não pense que assim você vai se livrar daquela viagem a Berlim. Vou te acordar de verdade e te carregar nos ombros.
Sabe que até os teus cachos, que sempre enchem minhas mãos de doçura, nessa luz fraca parecem opacos. Absurdo!
Agora já chega!
Vem!
Vamos voltar para o nosso universo cheio de sons e cores e temperaturas e cheios de sabores completamente diferentes dessas coisas daqui.


.
.         Fall on me
.               Far from my faith
.                    Closer to my dreams
.                           All wasted
.

Tudo bem. Se você não quiser sair, eu fico aqui. Fico ao seu lado para sempre, como eu sempre disse que faria.
Quantos comprimidos desses vidrinhos que te deram, você acha que serão suficientes pra eu ganhar uma caminha dessas?
Ok.
Até daqui a pouco então, meu amor.
Já já estarei deitadinha aqui com você e a gente vai finalmente dormir juntas. E todo nosso amor, enfim, eternizado nesse sono.

Pra sempre sua,
Sarah B

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Hálito frágil do imortal

E tudo é vulnerável
A vida é o maior dos exemplos
E assim é a morte
O fantasma inconstante
onipresente
Mas ele volta
junto com a vida
A morte renasce
desaparece
dentro do mesmo instante
à menor partícula do tempo
O último suspiro
se torna o primeiro sorriso
E com todo estudo
preparação
de uma vida
fica perplexado
relutante
inconsequente
Um som repetido
como apito
indica o sopro.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Do outro lado da porta

Duas vozes confusas ecoando pelo corredor frio.

Eles estão certamente discutindo o tema da próxima reunião. Os barulhos de papel são fruto das anotações e leituras das propostas feitas.

Eles podem estar planejando um golpe para recuperar o posto de diretor-chefe. O cheiro de café mostra a preocupação de se manterem atentos.

Eles provavelmente estão fazendo piadas sobre o chefe que parece ter mudado a dentadura. A água que escorre pelo chão deve ter sido um gesto brusco dele dando uma risada.

Eles devem ser amantes e só tem oportunidades seguras de encontros naquela sala. A respiração alta só pode ser do sexo.

Eles são vizinhos, ele é gay, ela é gay, e os dois estão dormindo neste momento na sala, porque ontem a noite foram ao show da Madonna e ainda não tiveram tempo para descansar. Tentaram se manter acordados com o café e água gelada, mas foi inútil, o máximo que conseguiram foi deixar o corredor com cheiro bom. Dormiram em cima de papéis importantes. Ele descobriu que ela ronca, a respiração é extremamente alta. Quando ouviram o telefone tocar, acordaram rápido demais e deixaram derramar o copo d'água que pegaram.