sexta-feira, 29 de abril de 2011

Quiçá

Quero que você me deixe despenteada.
Quero suar.
Quero que você me arraste pro chuveiro e molhe meu cabelo, mesmo que eu diga “não”.
Quero que você me deixe sem ar me fazendo cócegas, mesmo que eu grite “pára, sério”.
Quero que você me reflita.
Quero que você me mate de vergonha gritando comigo na rua.
Quero que você me irrite dizendo que estou errada, quando eu sei que estou certa.
Quero que você não gaste dinheiro comigo, a menos que estejamos na Páscoa.
Quero que você não economize carinhos e beijos.
Quero que você saiba que estou diferente, mas não precisa adivinhar o nome do esmalte.
Quero que sinta ciúme, mas que não sufoque.
Quero que minta pra mim quando necessário.
Quero que possa falar a verdade sempre.
Quero que me ligue de madrugada só pra me contar da luta que eu perdi.
Quero que durma assistindo filmes cults no meu quarto.
Quero que grite no meu ouvido quando eu desmaiar.
Quero que você faça mais sexo comigo do que com qualquer outra.
Quero que duvide da minha sanidade.
Quero que me surpreenda.
Quero que ria se eu passar vergonha.
Quero que me passe tranqüilidade se eu ligar chorando.
Quero que atrapalhe meu espirro.
Quero que me chame de chata sorrindo.
Quero que diga me amar chorando.
Quero beijos no portão.
Quero perder horas fazendo nada com você.
Quero que a gente beba até passar mal.
Quero que a gente ria até faltar ar.
Quero que você me ame.
Quero que me faça amar.
Quero que me faça amor.
Quero morrer de amor.
Como eu esperaria menos da perfeição?

Dedicado à perfeição

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Because maybe,

 Foi tudo tão de repente. Justamente no momento que eu precisava de você. Eu queria achar alguém pra chamar de amigo. E você me encontrou. Quase que esse encontro não acontece. De última hora, o destino resolveu colocar você na Pasteur, na 210. Para a felicidade deste pequeno ser que vos escreve.
 Fiquei surpresa. A sua aparência bruta, revoltada esconde muito bem - pausa no texto pra salvar a moça no metrô - - no dia seguinte ... - um mar de sentimentos bonitos e nobres. Em poucos dias você me fez chorar, perder as palavras, rir até a barriga doer e até, sem querer, conhecer sua mãe.
 Não sei se ainda acredita que a Solidão pode te alcançar, mas se esse medo continuar existindo, segura a minha mão, eu te dou um abraço e mudo de lado na calçada pra você se sentir mais seguro. É capaz de você cansar de todo afeto que tenho disponível pra oferecer.
 Muito mais que um bode-expiatório ou um objeto de ciúme. Não, você representa mais que isso. Representa um novo conceito de amizade: "Se você me dá seu coração, eu te dou o meu. Simples. As pessoas que complicam muito as coisas."
 Se tem alguém que precisa agradecer, sou eu. Então, vamos lá..
Obrigada, Amizade. Obrigda, Vinicius Uzêda sem acento no i e com acento no e.

You're gonna be the one that saves me.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sim, é pra você.

 Não sei porque você ainda me ama. Tudo que escrevo de mal é direcionado à você. Todas as palavras duras e frias são para te ferir. Toda minha ira tem endereço.
 Na verdade, acho que eu sei.
 Eu não transpasso o que deveria. Acho que pra você só aparece a doçura. Todo o amargo está retido em mim.
 Achei que seria impossível, mas eu tenho um novo amor. Você foi substituíd-. Mas de alguma forma, você está tirando esse amor – mais uma vez. Ele já está acabando. Eu já perdi a essência de amar. Agora o que tenho é apatia.
 Chego a pensar que não é proposital. Mentira. Acho que é tudo muito bem calculado. E quando uma ferida começa a querer cicatrizar, subitamente, você encosta e...  Já era. Reaberta está.
 Perceba, mais palavras ásperas. E você, como de costume, vai achá-las bonitas. Quero perder totalmente o vínculo, mas você reaparece.
Não, dessa vez não vou pedir perdão. Vou esperar você chegar até mim. Quero ver você implorar pra me ter novamente. Mais uma mentira. Quem pede desculpas nessa relação não é você. Mesmo quando você está completamente sem razão, acho melhor me desculpar pelos teus erros em nome da paz. Ou do comodismo.
Eu não quero teus presentes. Não quero teus sorrisos. Cansei dos teus abraços. Quero te perder, mas você me acha.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Exatamente.

Como você saberia?
O bilhete na porta do teu carro não ficou claro.
Eu não falei alto o suficiente na sua secretária eletrônica.
Minhas lágrimas não eram tão molhadas assim.
E agora, como ficamos?
Ah, da melhor maneira possível.
Eu não sinto dor mesmo.
Não existe culpa em você.
Mas por que toda essa delicadeza?
Não faz sentido mesmo, sou sempre tão gélida.
Uma pedra bateria mais que o meu coração.
Talvez um gelo, como você sempre diz.
Quanta ironia. Pra quê?
Não quero falar a verdade.
Eu não suportaria.
Muito menos você.
Pretende parar?
Quando a vida estiver no fim.
Quando a vida estiver por começar de novo.
Quando a vida não quiser mais.
A propósito, quem é vida?
Aquela que você menospreza.
Aquela que eu sempre quis feliz.
Aquela que eu fracassei.
Cadê teu deus agora?
Acho que você destruiu.
Acho que nunca houve um.
Sempre criei personagens mesmo.
Mas e agora, como proceder?
Da única maneira plausível.
Como uma dama, uma princesa.
Sorrindo.
Resolveria?
Nunca falhou.
Pelo menos na superfície.
Melhor seria se você respondesse essa.
Desde quando você é assim?
Depende.
Fria, hoje.
Ingênua, sempre.
Feliz?
Como estaria?*
Por que não seria?*
Certo?*
Por que não me responde direito?
Você não sabe as perguntas.
Você não quer de fato saber a resposta.
Como se alguém realmente desse a mínima.
Mas eu te conheço tão bem, como não me interessaria?
Excelente pergunta.
Quem mudou não fui eu.
Você sabe muito bem como responder.
Está cansada?
Um pouco.
Não muito.
Sim.
De que?
Era mentira.
De tudo.
Deixa pra lá.
Por que sempre três respostas?
Pra você escolher a melhor.
Pra você excluir a pior.
Porque eu quero.
Está arrependida?
Claro que não.
Nem um pouco, não me arrependo de nada.
Eu minto às vezes.
Quantas perguntas restam?
Quantas eu suportar.
Quantas respostas eu tiver.
Muitas.
Acabou?
Mesmo se eu quisesse.
Nunca acaba.
Sim.
*Perguntas extremamente retóricas e estúpidas.