quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Com amor, sua pequena.


 Escrevia por saudade. Vontade de encontrá-lo e dizer-lhe tudo que era preciso, mas não era possível. Então, escrevia.
 O primeiro beijo é sempre inesquecível, assim como o primeiro amor. A primeira vez que seu coração parecia a bateria de uma escola de samba em fevereiro, batia mais rápido que o habitual.
 Ele foi seu primeiro namorado. Primeira experiência como casal. Ela era nova, treze anos. Ele também. Sempre que se lembra deste ano, sente uma emoção difícil de explicar.
 Viveu com ele momentos mágicos. As horas voavam naquelas salas de aula.
 Mas ele a traiu com sua irmã. Ela a traiu com seu inimigo. O perdão veio com o tempo. Agora eram amigos. Bons amigos.
 Cada um começou a namorar pessoas que não eram amigas em comum. Passaram-se anos. Perderam o contato, a namorada dele não queria que eles fossem amigos. E para o bem de seu relacionamento, ele a esqueceu por completo.
 Os namoros acabaram. Ela voltou a procurá-lo e ele se deixou encontrar.  A amizade deles pareceu nunca ter dado um tempo. E aos dezoito anos, voltaram a se relacionar. Agora, era um homem e uma mulher. Foi mais rápido que a primeira vez. Na verdade, foi muito rápido: um dia. Um dia que ela guardava com carinho incondicional. Ela achou que depois desse dia, eles reescreveriam suas histórias juntos.
 Eis que ele se envolve com outra mulher. Sua relação ficou séria e mais uma vez, ele a esqueceu. Disse-lhe que foi pelo mesmo motivo daquela segunda namorada. Ela não acreditou mais. Estava certa que lhe causava algum tipo de mal estar. Talvez fosse mais fácil para ele não estar com ela por perto. Mais seguro.
 Mas ela cansou. Cansou de ser dele em tempo integral e isso não ser recíproco. Decidira que iria se esforçar ao máximo para não pegar o telefone e ligar para ele quando ouvir Legião Urbana, quando fizer pipoca de madrugada assistindo Tomates Verdes Fritos pela milésima vez ou quando viajar para Cabo Frio em julho, naquela chuva fria.
 Ela sabe que todo esse esforço não será válido quando eles se encontrarem na rua. Aquele jeito desleixado de andar, que nunca mudaria, a encantava. O cabelo desarrumado como se tivesse acabado de acordar. A mochila semi-aberta porque, provavelmente, estaria atrasado, dormira demais. Ela sentiria os mesmos calafrios que sentia há anos atrás. O suor nas mãos seria conhecido, mas já não se lembraria. O sorriso, por mais que tentasse o contrário, insistiria em ficar maior na medida em que ele se aproximasse.
 Os anos vão passar. Eles vão casar e ter filhos lindos com pessoas maravilhosas que vão amar muito. Independentemente disto, ele será, para sempre, seu primeiro beijo, o primeiro namorado. E ela dirá às amigas: ele foi o meu primeiro amor.

3 comentários:

  1. O seu texto,balançou a pedrinha aqui dentro...
    Lindo.

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  2. [ eu ri do comentário da Bia]

    mas esse texto é lindo mesmo hein, vou te contar.
    (se não ganhar no concurso do Equipe, é porque perdeu pra algum meu ou da Ana. haha brinks amica)

    *-*

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